Doze pessoas
internadas e outras 9 à espera. Este é o resultado do trabalho de apoio que
presta a Pastoral da Sobriedade da Paróquia de São Benedito aos que pretendem
sair da dependência. A dependência é um grande problema pois atinge a pessoa em
particular e seus familiares. Dependência não é somente drogas (maconha,
heroína, crack, ecstasy, metanfetaminas, etc.), álcool ou cigarro, mas também
comportamentos que prejudicam a pessoa, que a torna escrava de uma situação ou
coisa
- compulsão por comer, por comprar, por determinados tipo de alimento, por sexo, por se manter magro, por medicamentos para dormir, por ter um corpo bonito tanto com exercícios, cirurgias plásticas ou medicamentos, por refrigerantes, entre outras.
- compulsão por comer, por comprar, por determinados tipo de alimento, por sexo, por se manter magro, por medicamentos para dormir, por ter um corpo bonito tanto com exercícios, cirurgias plásticas ou medicamentos, por refrigerantes, entre outras.
Muitos dizem
que depender de uma coisa ou situação é uma escolha pessoal, e que essa escolha
deve ser respeitada em nome da liberdade de decisão da pessoa. Discordo.
Dependência é, ao contrário, a retirada da liberdade. A pessoa fica presa a uma
situação, a um comportamento ou a uma coisa específica.
A dependência
é, enfim, uma prisão. E nesta prisão também entram os familiares, pois sofrem
pela situação que são colocadas diariamente pelo dependente.
A perda da
liberdade se dá quando a pessoa não pode mais ter a decisão, pura e simples, de
sair daquela situação. A decisão é alijada do simples pensamento de sair, de
deixar a coisa ou situação, e suplantada pela força do resultado da coisa ou
situação no organismo, ainda que por vezes momentâneo. A dependência se instala
quando o organismo pede que a coisa ou situação esteja cada vez mais presente.
Se a consciência acompanha o corpo, buscando mais e mais atendê-lo, o resultado
é o fim para o dependente, muitas vezes o fim da família, mas sempre o seu
próprio fim, numa vida só e mais curta.
Para sair
dessa situação a pessoa deve travar uma luta interna entre a consciência e seu
corpo. A consciência entende (quando a pessoa quer entender) que aquilo é um
mal. Mas o corpo - que não tem consciência e sim um comportamento simplesmente
animal - cobra cada vez mais para tê-los, pois necessita dos benefícios
químicos que a coisa provoca. Quando acontece a falta, o corpo reclama e é o
momento de maior briga entre o corpo e a consciência. Vence quem for mais
forte.
Além da
pessoa dependente a família se vê presa a uma situação de desestabilização, um
ambiente carregado de desconfianças, de destruição, sem condições de suportar o
dependente.
Lutar contra
a dependência no mundo atual é uma ação inglória se a pessoa e a família estão
sozinhas. Ambos precisam ser libertados e conviver, após a libertação do
dependente, com uma liberdade vigiada, para que não se retorne ao estado
anterior de dependência.
A primeira
decisão deve ser do dependente, que deve ter a liberdade de opinar se quer sair
ou não da dependência, da prisão, e travar a luta pela sua vida e também por
sua família.
Pensar nessa
luta apenas cobrando do poder público o atendimento das pessoas dependentes não
resolve a questão. A família também tem de ser envolvida e para isso entidades
da sociedade devem fazer seu papel.
Em Santa Cruz
do Rio Pardo isso acontece.
Em agosto de
2014 foi criada, na Paróquia São Benedito, a “Pastoral da Sobriedade”. Essa
pastoral é uma ação da Igreja Católica na prevenção e recuperação de
dependentes e tem como objetivo a prevenção, a recuperação, a reinserção
familiar e social.
Foi realizada
parceria com a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Assistência Social.
Conforme os Secretários das pastas, o apoio religioso é muito importante neste
momento para a pessoa e para a família e facilita o trabalho de reincorporação social.
Com essa
parceria, a Pastoral, que se reunia numa pequena sala para 15 pessoas, mudou-se
para uma sala para 50 pessoas. O transporte de dependentes para triagem e
internação nas casas de acolhida ficou mais fácil, agilizou-se os exames
médicos, possibilitou-se a integração de profissionais como assistentes
sociais, psicológos e médicos, integrou-se programas do governo com a ação da
Pastoral.
Neste período
21 pessoas aceitaram ajuda da Pastoral. Como a luta interna da pessoa não é
fácil, nove desistiram no caminho e outras doze estão buscando, com a ajuda de
Deus e de irmãos em Cristo, se levantar nas casas de acolhida em Cascavel, São
Paulo, Franca e Rio de Janeiro, as quais atendem os dependentes por nove meses.
Enquanto isso
o trabalho com os familiares continua na Pastoral, onde esses devem frequentar
as reuniões semanais, preparando-se para o retorno dos que estão em
recuperação.
Estas
internações são custeadas pela Pastoral que conta com a ajuda de empresários,
paroquianos de São Benedito e de várias pessoas da sociedade que contribuem
para esta ação de ajuda ao irmão. Mas a necessidade é grande. Atualmente a
pastoral necessita de doze beliches para a casa de Cascavel, para atender a
fila de espera.
Qualquer
pessoa ou familiar, de qualquer religião ou credo, que necessite de ajuda para
qualquer dependência, pode participar desta ação comparecendo nas reuniões da
Pastoral, realizadas toda quarta-feira na Matriz de São Benedito, às 20 horas.
Quem desejar
colaborar com recursos para a manutenção do trabalho de recuperação, deve
entregar à coordenação da Pastoral nestes mesmos dias. O telefone para contato
com a coordenação é (14) 99690-6320 e 99613-2281.

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