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quarta-feira, 3 de junho de 2009

O voto e a cultura da corrupção - 3

Continuação da carta "O voto e a cultura da corrupção - 2".
Publicado no Jornal Debate — Edição 1392 - Semana de 09/12/2007 a 16/12/2007
http://www2.uol.com.br/debate/1392/index.htm

Na última carta terminei perguntando como alterar o quadro que estamos desenhando para nossos jovens e o que podemos fazer para isso.
Primeiramente deve-se identificar que as práticas, demonstradas nos textos anteriores, são um câncer para a sociedade e para o próprio futuro do país. E que esse comportamento deve ser combatido. Esse é o ponto da conscientização. A partir desta consciência do que é certo e do que é errado, pode-se trabalhar por uma mudança na nossa postura de cidadão e proporcionar a melhoria de visão das gerações futuras. Com essa consciência, parte-se para a união das pessoas para a troca de idéias e discussão sobre as atitudes a serem tomadas. Após a união e as propostas, parte-se para a prática da cidadania perante a sociedade e o poder público, com ações de conscientização da sociedade sobre sua cidadania.
Em alguns lugares desse país, cidadãos conscientes dessa mudança de postura trabalham e agem para a conscientização do povo quanto aos seus direitos e deveres e para a fiscalização do governo no gasto público. A partir de cidadãos conscientes de sua cidadania, constrói-se políticos responsáveis de seu papel de defensores dos interesses do povo. E esses políticos conscientes terão como ponto primordial de sua gestão o respeito ao dinheiro público e a prestação de contas à população.
Fui representante do Ministério da Educação no Programa Nacional de Educação Fiscal e, dessa forma, foi possível conhecer muitas das experiências e ações, de entidades públicas e privadas, que atuam em muitos municípios brasileiros com vistas a mudar o comportamento frente às questões públicas. Empresários, professores, conselheiros sociais, membros do Ministério Público, servidores da Receita Federal e das secretarias de educação e fazenda de estados e municípios, enfim de vários pontos da sociedade, estão se mobilizando para que o Brasil de amanhã construa um cidadão consciente de sua posição no quadro sócio-político.
Imagine que você deseje ter um belo jardim ou um pomar em sua casa. Para isso, necessitará de um pedaço de terra que receba o sol e, então, trabalhar a terra para o plantio. Plantar as sementes, regar, adubar, livrar-se das pragas e ervas daninhas, capinar de tempos em tempos. Você precisará, enfim, criar um ambiente saudável para que as plantas cresçam. Depois virão as flores e os frutos. Você não fez o crescimento acontecer, mas ajudou. Nesta passagem do livro “O monge e o executivo”, o frade Simeão descreve a necessidade da construção desse ambiente saudável em nossa sociedade:
“...criar um ambiente saudável é muito importante para possibilitar o crescimento saudável, de modo especial para seres humanos... Simplificando, penso em minha área de influência como um jardim que precisa de cuidados. De acordo com o que falamos, os jardins precisam de atenção e cuidado, o que nos obriga a perguntar constantemente: do quê meu jardim precisa? Meu jardim precisa ser adubado com consideração, reconhecimento e elogios? Meu jardim precisa ser podado? Preciso exterminar as pragas? Todos sabemos o que acontece com um jardim quando se permite que as ervas daninhas e as pestes cresçam à vontade. Meu jardim precisa de atenção constante e acredito que, se eu fizer minha parte e cuidar dele, colherei frutos saudáveis”. (James C. Hunter, O monge e o executivo).
Mas se criar o ambiente perfeito pode demorar para acontecer, o mesmo Simeão nos explica essa questão:
“...conheci muitos que ficaram impacientes e desistiram do esforço antes que os frutos tivessem chance de crescer. Muitas pessoas querem e esperam resultados rápidos, mas o fruto só vem quando está pronto. E é exatamente por isso que o compromisso é tão importante. Imagine um fazendeiro que tente enriquecer plantando sua colheita no final do outono e esperando obter uma safra antes que a neve caia! A lei da colheita ensina que o fruto crescerá, mas nem sempre sabemos quando esse crescimento ocorrerá”. (James C. Hunter, idem).
Paulo Freire nos ensina como encarar a relação social com o bem público: “O respeito mútuo que as pessoas se têm nas ruas, nas lojas. O respeito às coisas, o zelo com que se tratam os objetos públicos, o muros das casas, a disciplina nos horários. A maneira como a Cidade é tratada por seus habitantes, por seus governantes. A Cidade somos nós também, nossa cultura, que, gestando-se nela, no corpo de suas tradições, nos faz e nos refaz. Perfilamos a Cidade e por ela somos perfilados”. (Paulo Freire, Política e Educação, pg.14).
Dessa forma quem constrói o município não é o prefeito ou os vereadores, mas sim todos os munícipes. Construímos nosso município com cidadania e participação e, em virtude disso, o município nos constrói como cidadãos participantes. E essa relação de construção mútua pode ser estendida para o próprio Brasil. Muitos querem que o município seja o que foi no passado. Mas isso não é mais possível, tem-se que ter olhos, projetos e planejamento para o futuro e ver o passado como experiência, exemplo dos erros e acertos.
Muitos governantes acreditam nos princípios da cidadania, respeitando-a e fazendo com que esse valor se consolide. Outros a detestam e combatem. Outros usam essa idéia para enganar. Não devemos acreditar nos políticos que reclamam quando são muito vigiados e cobrados, e dizem que estão trabalhando para o “bem do povo”, que a fiscalização dos atos é uma atitude pessimista e que se deve ser otimista quanto aos atos do governo. Ariano Suassuna, consagrado autor de “O Auto da Compadecida”, coloca sua opinião quanto aos otimistas — “O otimista não passa de um ingênuo. O pessimista nada mais é do que um derrotista. Não sou uma coisa nem outra. Sou um realista esperançoso”. Assino embaixo.
Nas próximas semanas me proponho a expor as experiências e idéias que estão acontecendo pelo Brasil. Os jovens, e também as crianças e adultos, podem ter a certeza de que a política pode ser feita de forma mais cidadã, sem conchavos, sem peleguismo, sem coronéis e caciques, sem venda de votos, sem corrupção. Mas para isso necessita-se construir um cidadão mais apegado ao zelo de seu município e país. Para isso, é preciso a participação de cada um. É necessário desligar-se de novelas, programas, sites da internet e conversas fúteis que nada acrescentam. Ligue-se na vida do seu município. Cobre dos partidos políticos representantes corretos e íntegros, conhecedores dos problemas da sociedade e das políticas públicas necessárias à população, que tenham opinião própria e que não mudem essa opinião conforme a quantia de dinheiro que lhes apresente.

— Maurício Rodrigues de Araújo — e-mail para contato: mauricioaraujo63@gmail.com (Brasília-DF)
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