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quarta-feira, 3 de junho de 2009

O voto e a cultura da corrupção

Após longo perído de ausência da seção de cartas do jornal, escrevo uma série de três cartas sobre o tema do voto e da corrupção. O ano posterior seria marcado por mais uma eleição municipal. Chamava a atenção para a postura de cada um dentro do contexto de corrupção polítíco, que normalmente sempre estamos no Brasil, e de como nos portamos frente à nossa própria postura de sonegadores contumazes do dinheiro público.

Publicado no Jornal Debate - Edição 1390 - Semana de 25/11/2007 a 02/12/2007
http://www2.uol.com.br/debate/1390/index.htm

Os resultados e entrevistas sobre o desinteresse dos jovens quanto ao voto e as questões políticas, apresentados pelo DEBATE há algumas semanas, são preocupantes e assustadores. Mas também são plenamente compreensíveis. E a compreensão não é por ocasião dos casos de corrupção que ouvimos a toda hora e lugar nesse Brasil varonil. Corrupção essa que não parte apenas de Brasília, ou dos governos estaduais e municipais. A corrupção, ou mais precisamente a ilegalidade no Brasil, é bem mais endêmica, vem da própria forma de vida do brasileiro.
Quando falamos a um brasiliense que os políticos daqui são corruptos, a resposta dele é: — Mas esses políticos corruptos vieram de outros estados, eles não são daqui.
E têm toda razão. A maioria dos políticos que estão em Brasília foram eleitos nos outros estados brasileiros e não somente na Capital Federal. A imensa maioria dos políticos de Brasília é gerada em cada estado e em cada cidade brasileira e é eleita por cada um de nós, brasileiros. Será que a culpa é nossa então? Até que ponto nós, cidadãos dos municípios, somos culpados pela criação de políticos corruptos e de práticas ilegais?
Nasce dessa reflexão o início da compreensão da desilusão de nossos jovens, desilusão essa fruto do modo como os adultos encaram a coisa pública no Brasil. E essa visão é, por conseguinte, repassada aos jovens, seja na sua forma de agir, seja na sua forma de ser cidadão. O resultado? Jovens sem esperança. Jovens sem cidadania. Jovens sem país.
O Brasil, que as gerações anteriores entregam a eles é construído sob uma cultura de corrupção e atos ilícitos, em cada cidade e em cada estado da terra de Tiradentes. Diariamente vemos casos de desrespeito à coisa pública, e não compreendemos que essa coisa pública é nossa. É o papel jogado no chão, é passar no sinal vermelho, é não respeitar a faixa de pedestres, é não cuidar do meio ambiente, é não ter respeito pelo idoso ou pelo deficiente. São hábitos arraigados no nosso dia-a-dia, que desembocam na forma de escolher políticos e não se interessar por política. Muitos acham que política é coisa podre, mas esse pensamento é errado. Os políticos são ruins porque escolhe-se mal e existe a omissão em cobrar deles um comportamento ético.
Pergunto: Como os jovens, com seus 16, 17 e 18 anos, poderão se animar a votar, quando o Brasil que lhes entregam é um Brasil construído sob práticas ilegais para com o bem público e para com o próprio cidadão brasileiro?
A podridão da corrupção política hoje é resultado do tipo de Brasil que construímos todo dia. Ela nasce na nossa postura de cidadão que desvia o dinheiro público para nosso bolso quando sonegamos impostos, que destrói nossas indústrias e as vagas de empregos ao comprar produtos piratas, que não respeita as regras de trânsito, que só quer os direitos e não cumpre com seus deveres.
“Nenhum direito social ganha concretude sem política pública. E toda política publica depende do orçamento publico para se realizar”, diz Ana Cristina da Silva Iatarola.
Muitos empresários formulam a ladainha de que “se não sonegarem impostos as empresas não sobrevivem”. Mentira pura. Esses mesmos empresários não recolhem as contribuições devidas pelas empresas à previdência. Como esse dinheiro não entra nos cofres públicos — ficando nas empresas e nos bolsos dos empresários sonegadores — falta dinheiro para pagar os aposentados, muitos dos quais só tem esse dinheiro para sobreviver, causando assim o déficit nas contas da Previdência, o chamado rombo. Esse rombo deve ser coberto pelo dinheiro dos impostos que nós pagamos (IR, IPI, etc). Todavia, o dinheiro desses impostos deveria ser usado para despesas públicas como saúde, educação, manutenção das estradas, etc. Mas graças à “esperteza” dos maus empresários, irá faltar recursos para isso, pois eles roubaram os cofres públicos, ou seja o nosso dinheiro.
Muitos empresários também não emitem notas fiscais. Com essa prática os impostos não caem nos cofres públicos e não se consegue pagar as despesas públicas. E esses impostos, além de cobrir os gastos com as despesas públicas, devem também cobrir os gastos com as aposentadorias. Como há menos dinheiro público, pior é a situação das contas públicas, pior a situação dos serviços públicos.
E não devemos esquecer dos empresários que aumentam os preços de seus produtos quando vendem ao poder público. Em vez de praticar o preço de mercado superfaturam os preços, de um lado para ganhar mais e de outro para pagar propinas aos políticos e servidores públicos, para que possam ganhar as licitações.
Vejam que a corrupção do país, não está somente na política, está em nossa cultura, a cultura de “tirar vantagem em tudo”. E essa não é a lei de Gerson, é a lei do Brasil, prática de brasileiros para roubar o dinheiro de brasileiros. Mas a coisa não para por aí.
E os cidadãos, pais, tios, avós, parentes e conhecidos desses jovens, o que é que fazem? O que fazemos nós cidadãos diariamente contra nós mesmos? Pense até a próxima carta.
— Mauricio Rodrigues de Araujo - mauricioaraujo63@gmail.com (Brasília-DF)
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