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quarta-feira, 3 de junho de 2009

O voto e a cultura da corrupção — 2

Continuação da carta "O voto e a cultura da corrupção".
Publicado no Jornal Debate - Edição 1391 - Semana de 02/12/2007 a 09/12/2007
http://www2.uol.com.br/debate/1391/index.htm

Anteriormente havia deixado a seguinte pergunta em relação à descrença dos jovens quanto ao voto: e os cidadãos, pais, tios, avós, parentes e conhecidos desses jovens, o que é que fazem para colaborar com esse descaso? O que fazemos nós cidadãos diariamente contra nós mesmos?
Em minha última visita a Santa Cruz do Rio Pardo estava atravessando a avenida Tiradentes, na faixa de pedestres, em frente à Adefis. Atravessei a metade da avenida. Ao chegar ao meio, dois carros vinham em minha direção. Eu estava para atravessar a outra via na faixa de pedestres. O primeiro passou sem parar. Comecei a atravessar devagar, pois o segundo estava passando, enquanto eu caminhava na faixa de pedestres. Qual não foi minha surpresa quando notei que esse veículo era uma viatura da PM, com dois policiais dentro.
A faixa de pedestres é a segurança dos pedestres. Mas nós não queremos ter a consciência de que devemos parar o carro para os pedestres atravessarem. Se nem a polícia tem essa consciência, e com certeza treinamento, o que dizer dos outros?
Os brasilienses orgulham-se de respeitar a faixa de pedestre. E aqui você pode atravessar que os carros param. Alguns param quando vêem uma pessoa na calçada, esperando na faixa. Em outros casos, precisa-se fazer alguns acenos de mão. Mas ultimamente a cultura do desrespeito também tem aportado por aqui, e muitos não param na faixa para a travessia do pedestre.
Esse é um dos vários casos de falta de cidadania, e é uma das colaborações dos cidadãos para a desilusão dos jovens. E existem mais.
Os cidadãos não pedem nota fiscal do que compram. E em qualquer país civilizado do primeiro mundo a nota fiscal não tem de ser pedida, a nota fiscal tem por obrigação ser emitida, e em alguns lugares separa-se o valor da mercadoria e dos impostos. E eles emitem a nota, pois, além de saber que o recurso será aplicado para a população, também sabem que aquele dinheiro é deles próprios e deve ser vigiado e cobrado. Num país em que os cidadãos sabem que o dinheiro público é deles, os governantes também sabem. No país de José do Patrocínio isso não acontece porque não sabemos que as coisas públicas são nossas e devemos vigiar sua aplicação.
Ao não pedir nota fiscal, os impostos não são recolhidos e já sabemos no que isso dá. Falta de recursos para as necessidades da população, funcionários mal pagos, saúde e educação pública de má baixa qualidade, estradas e ruas esburacadas etc. Cabe lembrar que 25% de todo o ICMS recolhido é revertido para a cidade de origem. Já imaginou quanto sua cidade poderia ter recebido de dinheiro a mais no ano que acaba, se os empresários emitissem e os cidadãos pedissem a nota fiscal? O que poderia ser arrumado, construído ou melhorado em sua cidade com esse dinheiro sonegado pelos próprios cidadãos da cidade?
Os cidadãos também compram objetos piratas. Com a pirataria também sonega-se impostos, impede-se a abertura de empresas no país e ainda financia-se o crime organizado. Ou você acha que esses produtos andam pelo mundo sozinhos? Eles necessitam de uma rede de contrabandistas para que os produtos cheguem à casa dos brasileiros. E o contrabando sempre está ligado à rede de drogas e máfias. Além de sonegar o dinheiro dos impostos que beneficiaria a nós mesmos, o contrabando impede que sejam criadas empresas legais e consequentemente os empregos. Com o contrabando, financiado por muitos brasileiros, não há política pública de desenvolvimento que dê resultado. E sem empregos não há futuro para os jovens e para aqueles que necessitam de trabalho. Sem emprego, não há dignidade e respeito. E sem dignidade e sem respeito, cria-se o caminho para as drogas e para a bandidagem. Que por acaso é também um problema de nossas cidades. Ou não?
E não devemos esquecer um outro problema do contrabando, a má qualidade. Ela danifica os equipamento, no caso dos CDs e DVDs piratas, e podem comprometer a vida de nossas crianças com produtos fora dos padrões permitidos e com toxinas letais.
Não se deve também levantar a bandeira de que a pirataria é necessária porque é responsável pela sobrevivência de muitos, como ouvi de um adolescente de 15 anos. As pessoas que sobrevivem do contrabando poderiam muito bem comprar produtos legais e revendê-los, como ocorre muito por aí. O que acontece é que a rede de distribuição da pirataria é muito mais forte, mais presente e muito mais convincente.
Assim compreende-se que a postura dos jovens, em não acreditar na política, esconde um problema maior. O brasileiro corrompe a si mesmo e cria corruptos. Acha que o estado não serve para nada, assim sonega impostos, desrespeita leis de convivência e coopera com a bandidagem. Constrói valores errados e alimenta o descaso com o próprio cidadão e com a coisa pública. Quer tirar vantagem em tudo, engana os outros e vota em quem tem os mesmos valores podres. Não escolhe corretamente em quem votar e elege muitos políticos sem conhecimento da coisa pública e sem ética. Aceita tudo sem reclamar e quer uma educação, seja pública ou privada, de boa qualidade ou um serviço de saúde pública que atenda bem. Reclama da inação dos governos mas não os fiscaliza nas suas contas e não cobra a boa aplicação do dinheiro público.
Mas existem ações para melhorar esse comportamento. Isso veremos futuramente.
— Mauricio Rodrigues de Araujo — e-mail para contato: mauri-cioaraujo63@gmail.com (Brasília-DF)
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