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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Para o mundo

Nesta carta conto algumas histórias sobre a Rádio Difusora Santa Cruz. O motivo maior foi a colocação da programação da emissora na internet, que a partir daquele momento poderia ser ouvida de qualquer parte do mundo.

Publicado no Jornal Debate - Edição 1286 - Semana de 27/11/2005 a 04/12/2005
http://www2.uol.com.br/debate/1286/index.htm

Final de 1978, ano em a seleção brasileira comandada por Cláudio Coutinho ganhou o título de “campeão moral” na Copa do Mundo realizada na Argentina e a anfitriã levou o título de campeã mundial de futebol, depois da mal explicada vitória de 6x0 de nossos eternos rivais sobre o Peru. Ditadura Militar com Ernesto Geisel. Eu havia terminado a oitava série do primeiro grau, hoje ensino médio.
Em Santa Cruz o Cine São Pedro era opção de diversão para os jovens naquele final de década. O filme do momento era “Os Embalos de Sábado à Noite”, que marcou aquele período com influências tanto na novela global “Dancing Days” como nas nossas noites de sábado e domingo no Clube dos Vinte. Dançar em grupo, perfilados e seguindo o mesmo passo, imitando as performances de John Travolta era a diversão dos finais de semana. E no domingo à noite, lá pelas 10h, invadiamos a sala de som do clube para assistir aos “Gols do Fantástico”, pois naquele tempo os campeonatos no Brasil eram com nossos melhores jogadores.
Foi em dezembro desse ano que entrei em meu primeiro emprego: ser técnico de som na Rádio Difusora Santa Cruz. Era uma maravilha! Controlar aquela mesa cheia de botões, chaves e medidores de som da ZYK 647. Colocar a música nos dois picapes onde rodavam os LPs (discos de vinil pretos que tinham entre 7 a 8 músicas de cada lado e que hoje são encontrados em lojas de antiguidades), ou os discos simples (discos de vinil menores que tinham uma ou duas músicas de cada lado) e rodar as propagandas nos gravadores verticais com fitas de rolo. Tudo era um desafio para um iniciante. Acertar o início da faixa correta do LP (tínhamos de colocar a agulha no início da faixa a ser tocada, com o auxílio dos dedos, sem as comodidades dos botões dos CDs e DVDs de hoje) e fazer a música principiar imediatamente após o locutor anunciá-la, virando o botão de volume na altura adequada e os primeiros acordes irromperem nas “ondas médias de 1.580 Khz”. Tudo numa fração de segundos, sem deixar um vazio perceptível para o ouvinte. Este era o primeiro dos embates a serem vencidos.
Outro desafio era acertar a propaganda manualmente no rolo de fitas. As propagandas eram gravadas em seqüência numa fita com umas 10 ou 15 propagandas. Havia um roteiro para podermos acertar o reclame a ser tocado. Colocávamos um fone de ouvido e rodávamos a fita em velocidade alta e conforme a propaganda passava fazia-se o som do barulho da voz do locutor. Tínhamos de saber em que ponto estávamos na fita e para onde queríamos ir, para frente ou para trás. Acertávamos o início do anúncio e, tão logo a música finaliza-se, apertávamos o botão de início de reprodução e o anúncio ir para o ar. A produção das propagandas era delegada aos melhores técnicos da casa e eram feitas durante a “Voz do Brasil”, programa obrigatório do governo nacional, que ia ao ar das 19h às 20h30.
Mas o maior desejo era chegar a fazer a transmissão das partidas de futebol.
Eu ainda tinha pouca experiência para fazer futebol. Num domingo, o locutor do plantão esportivo chegou e ocupou seu lugar no microfone. E nada do técnico que iria me substituir aparecer para a realização da transmissão esportiva, que era fora de Santa Cruz, pois a Esportiva Santacruzense disputava o campeonato estadual. Era preciso realizar o contato com a cidade da partida, arrumar os cabos para a conexão e eu nunca havia feito aquilo. Fiz algumas ligações telefônicas e consegui contato com o local do jogo, coloquei os plugues nas entradas da mesa, torcendo para a coisa dar certo. O locutor do plantão chamaria o locutor esportivo do jogo e a transmissão iniciaria. Após o chamado do estúdio em Santa Cruz, liguei a chave para a transmissão, e vem a voz do locutor do outro lado da linha — “Não estou escutando nada nessa m...”. O palavrão ecoou forte nas ondas da emissora. O pessoal na outra cidade não tinha “retorno”, ou seja, não ouvia nada do que o locutor do plantão falasse. Minutos depois, chega o Sr. Amerquiz, o chefe, querendo saber o que havia acontecido. Logo depois chega o técnico que iria me substituir, com a calma que lhe era peculiar. E ouvindo as reclamações do chefe, foi ainda lavar as mãos, tomar um café e finalmente restabeleceu a transmissão.
Trabalhei três anos na Difusora, entre 78 e 82, onde pude chegar ao objetivo máximo de realizar jogos e propagandas. Jogávamos bola na quadra do fundo, nos finais de tarde. E nos sábados e domingos, ao encerrar as transmissões ia imediatamente ao Clube dos Vinte para dançar e ouvir os sucessos de “Grease - Nos tempos da Brilhantina”. Foram anos inesquecíveis onde convivi com pessoas que marcaram aquela época e também a história da Difusora. Tudo comandado por aquele que deu chance ao talento de todos, o saudoso Amerquiz Júlio Ferreira, o J. Ferreira.
O avanço da tecnologia melhorou muito a vida dos sonoplastas e naquela época a Difusora não podia ser sintonizada mais de 100 quilômetros de Santa Cruz. Hoje, com grande emoção e alegria posso ouvir a programação da Difusora aqui em Brasília, a Capital Federal, a 1.000 quilômetros de distância. Podendo ser ouvida em qualquer lugar do planeta. Acho que nem J. Ferreira pensava nesta possibilidade. Por meio da internet a Difusora transporta a vida desta cidade para o mundo. E nós que estamos longe da terrinha podemos agora saber, on line, de tudo o que se discute por aí.
Parabenizo o pioneirismo da direção da emissora e a toda a equipe, locutores, técnicos de som, e auxiliares que, direta ou indiretamente, colocam o som da Rádio Difusora Santa Cruz no “éter” e que terão este novo desafio pela frente.
Que esta equipe faça da agilidade que o rádio proporciona e da paixão que ele provoca, o caminho para o sucesso e o crescimento da querida ZYQ-8.
— Mauricio Rodrigues de Araujo (Brasília-DF)
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